domingo, 16 de março de 2014

A perda da fé

Desde pequeno fui ensinado a andar pela fé. Aprendi muitas coisas sobre isso, sobre como não deixar minha fé abalar seja com argumentos, evidências, e problemas na minha vida. Quando cristão, eu imaginava que a minha fé era inabalável, que eu jamais iria deixar de acreditar no que me ensinaram, em Jesus Cristo e na Bíblia. Mas eu realmente surpreendi a mim mesmo. Num processo muito lento, minha relação com a internet, minhas dúvidas, minha busca pela salvação e a tentativa de entender a Bíblia me levaram a muitas informações e questionamentos que eu não imaginava que viriam. A princípio, eu achava que era absolutamente certo que o Deus da bíblia era o Deus verdadeiro, mas o mar de inconsistências lógicas foi se acumulando na minha cabeça até o ponto que comecei a duvidar. Comecei a considerar a possibilidade de o Deus da Bíblia não existir. A fé é uma ferramenta poderosa. Ela cria um mecanismo de defesa contra a perda da crença que torna muito difícil lógica e evidência derrubarem. O conceito de fé é apresentado como uma virtude. É uma virtude acreditar em algo sem provas e mesmo com contradições. O medo do inferno é outro mecanismo de defesa, e por causa disso eu não conseguia me dar conta que a minha crença estava sendo abalada. Quando eu me dei conta que tinha que ser sincero com Deus e não fingir que acreditava, que percebi que meu coração considerava que havia uma pequena chance de o cristianismo ser falso. É aí que tudo começou a ruir. A partir do momento que eu conseguia admitir que era possível que Jesus não fosse o filho de Deus, e eu tivesse nascido na religião errada, rapidamente a chance que eu via de isso ser verdade foi crescendo. Até que chegou o ponto em que eu não acreditava mais. Hoje vejo a fé de uma forma diferente. É como um truque mental pra te manter acreditando em algo que é pouco provável de ser verdade. Falar "você precisa ter fé" é usar um jogo de palavras pra convencer a outra pessoa sem usar as únicas coisas que deveriam realmente convencer alguém de algo: evidência e lógica. Fé não tem a ver com a verdade, tem a ver com crença. E um pouco a ver com confiança. Mas o problema é que se trata de confiança em outras pessoas, não em Deus necessariamente. Porque Deus precisa existir em primeiro lugar. E ser o mesmo da religião que você acredita. Uma frase que escutava muito é "você é muito racional". Mas isso é uma virtude! A razão jamais deve ser desencorajada, pois trata-se de busca pela verdade. Uma pessoa deveria crer na Bíblia por causa de evidências e não por causa de fé de outras pessoas que foi passada pra ela mesma. Como a fé pode ajudar alguém a achar a verdade? Fé é simplesmente você acreditar em algo mesmo quando outras coisas apontam o contrário. É praticamente o oposto da razão. É querer criar uma certeza artificial quando não há certeza. A única maneira de achar a verdade é por lógica e evidência. Pois é analisando os fatos como eles são que se pode chegar a verdade sobre eles.

sábado, 8 de março de 2014

Estado Laico

Por que um estado deveria ser laico? Se pensarmos em democracia, poderíamos argumentar que a maioria dos habitantes do Brasil é cristã, então deveríamos viver em um estado cristão. Mas creio que isso não está certo. Isso porque antes de democrático um estado deve agir pelo bom senso. Imagine que num país a maioria da população acredite que devesse haver pena de morte por um crime menor, como o adultério, por exemplo. Não é porque a maioria tem uma opinião sobre um assunto que aquela opinião está correta. A ciência não é democrática, por exemplo. Centenas de anos atrás a população quase toda acreditava que o Sol girava em torno da Terra, mas isso se mostrou incorreto. Um país que queira prosperar deve valorizar a ciência. Porque a ciência trata de fatos, coisas que são mostradas como verdadeiras, independente do que a população queira ou não. E um estado que valoriza a ciência deve ser laico! A religião é uma coisa restrita a experiências pessoais. Pessoas religiosas não provam que suas religiões são verdadeiras, apenas experimentam de maneira pessoal as coisas que alegam ser verdadeiras. E sem provas de que uma religião é verdadeira, o estado deve necessariamente optar pela posição neutra nesse assunto. O grande problema das religiões são suas alegações extraordinárias. Afirmam a existência de deuses, anjos, demônios, espíritos, etc, sem trazer uma prova da existência dos mesmos. E sem essas provas, os religiosos querem impor suas leis baseadas em dogmas de livros cheios de histórias mágicas. Não estou afirmando que deuses não existem. Mas não existem sequer evidências sólidas da existência dos mesmos. Falo sólidas no sentido de evidências científicas. Em vez de "o mundo não pode ter surgido do nada" e outras coisas do tipo. Isso não é evidência. Evidência seria, por exemplo, uma cura milagrosa. Mas isso teria que ser totalmente comprovado e verificado, e não por relatos de um show de televisão. Só assim pra o governo poder levar em conta o divino na hora de criar suas leis. Leis não podem ser baseadas em achismos e experiências pessoais. Leis tem que ter cunho científico. Depois entra o democrático, porque a ciência não é democrática. Não adianta criar um plebiscito declarando que pi=3,16 que pi vai continuar sendo 3,14. Agora pensemos nos problemas de um estado cristão. A Bíblia é o livro base do cristianismo. E é um livro repleto de histórias mágicas, milagres e coisas do tipo. Mas não tem uma mísera evidência física de que as histórias da Bíblia são verdadeiras. Só a opinião das pessoas. E ainda assim ninguém prova nada. Só para si mesmo. Mas se quiser impor leis bíblicas no estado, deveriam provar ao estado que as histórias da Bíblia são verdadeiras e inspiradas por Deus, mas com evidências físicas e não simples relatos, opiniões e achismos. As evidências tem que ser físicas. Mas não há. E querem impor a realidade bíblica para quem não acredita nela. Sem prova nenhuma de que seja um livro histórico e não mítico. Que tenhamos um estado que valorize a ciência. Não podemos deixar a bancada evangélica no Brasil fazer o que está querendo fazer. nosso país não pode basear suas leis em uma pessoa que o mundo como um todo não sabe como é, quais suas preferências, seus desejos para a humanidade e nem mesmo se ele existe. O mundo não sabe. A sua experiência pessoal, se provou pra você que Deus existe, não provou para o mundo. Provou só pra você. O estado deve trabalhar com o mundo real. O que vemos, o que sentimos, comum a todos. Realismo. É por essa razão que o estado deve ser laico. A religião que fique dentro de cada um.

domingo, 22 de setembro de 2013

Fundamentalixo, parte II

A Igreja Evangélica no Brasil hoje expandiu muito. E com a expansão houve a polêmica que me chamou a atenção nas redes sociais, envolvendo pastores como Silas Malafaia, Marco Feliciano, etc. E minhas visões hoje sobre isso tudo mudaram completamente. Hoje sou a favor da total separação entre Igreja e Estado. Existem muitos problemas em se ter leis religiosas em qualquer país que seja. O que pode ter é liberdade religiosa. Mas a Igreja brasileira quer proibir os homossexuais de se casarem. Isso está errado. Quer um motivo? Esses homossexuais nem sequer são da Igreja. São pessoas que possuem outras crenças tendo sua liberdade limitada por pessoas de outras crenças. Se o estado se permite criar leis religiosas, podemos entrar em uma espécie de ditadura cristã. Existem exemplos muito piores que simplesmente essa questão da homofobia. Imagina que o Brasil adote o Cristianismo como modelo básico de sua constituição. Falo isso no sentido de acabar mesmo com o estado laico. Mulheres poderiam ter menos direitos do que homens. Afinal, era assim que Paulo ensinava em suas cartas. Homossexualismo poderia caminhar pra ser proibido (existem deputados americanos que querem efetivamente fazer isso). Qualquer tipo de prostituição e pornografia sendo crime (pra uma sociedade como a nossa isso seria péssimo para descrentes). E uma coisa muito ruim seria se fizessem como em alguns lugares nos Estados Unidos, não ensinar a teoria da evolução nas escolas. A Igreja evangélica brasileira não pode querer interferir nas leis do país de forma a destruir o estado que nem laico é. Isso porquê temos muitos feriados religiosos. Apesar que sou a favor de medidas de liberdade religiosa (um pastor evangélico não pode ser obrigado a casar homossexuais). Voltemos a falar da homofobia. Temos um problema sério aí. Parece que está repetindo o que houve com negros e mulheres nos Estados Unidos em relação ao ganho de direitos. Porquê homossexualismo é a bola da vez? O que tem de tão repulsivo nisso? Já vi muita gente dizendo que é pecado gravíssimo e tal. Mas será? Vamos pra Bíblia. Primeiro no Velho Testamento. O homossexualismo aparece como punido com a pena de morte. Mas o que isso garante. Incesto também era. Filhos rebeldes eram punidos com a morte também. Idolatria era muito mais citada que homossexualismo no Velho Testamento. Então porque tanto problema com homossexuais? E no Novo Testamento. Jesus não menciona homossexuais nem em meia linha. Paulo menciona nas cartas umas três vezes. Avareza no Novo Testamento aparenta ser muito pior que homossexualismo. Curioso não? Então será preconceito? Pois é. Evangélicos têm que ser coerentes com o que está escrito na Bíblia. O nível de gravidade do homossexualismo (não é pecado, é abominação), não é tão alto assim, é abaixo da avareza (NT)! Então deixem os homossexuais no canto deles.

domingo, 15 de setembro de 2013

Fundamentalixo, parte I

Ultimamente tenho revisto minhas convicções religiosas. Vídeos na internet têm me ajudado a rever os meus conceitos. Como pude acreditar em certas coisas? Vejamos aqui o caso do Cristianismo. Não quero entrar em detalhes sobre o que eu penso hoje a respeito, mas, tem muita coisa sobre a qual eu não vou me calar mais, e sei que posso expor o que penso. O fundamentalismo bíblico. Taí. Larguei essa droga. Só me atrapalhou em uma porção de coisas na minha vida. Basicamente o fundamentalismo bíblico diz que a Bíblia é a palavra de Deus literalmente, e que não podemos questionar nada que está escrito ainda que isso atinja o bom senso e os fatos. Uma coisa que me chamou atenção no início do ano foi os pastores políticos que querem impor as leis bíblicas do velho testamento nas leis do nosso país. E aos poucos fui pesquisando muita coisa que tirou os meus paradigmas a respeito da verdade imutável da Bíblia. O que ocorreu comigo? Entre outras coisas, abandonei completamente a ideia do axioma "a Bíblia é a palavra ditada e imutável e inquestionável de Deus". Um cristão, na verdade, não precisa desse axioma. O axioma que o cristão precisa é "Jesus é filho de Deus". Adotar a Bíblia como axioma e como literal pra mim só fez fritar a minha mente. Aos poucos, começou a não fazer o menor sentido. Porque estou falando do fundamentalismo bíblico? Vamos trabalhar com um exemplo. Josué e o Sol (sinto muito pros meus amigos mas eu vou decepcionar nessa parte). Sinceramente, como querem que eu acredite que Josué parou a rotação da Terra se outras civilizações não perceberam o que ocorreu com lendas de dias longos e noites longas em todas as civilizações existentes? Isso deveria ser uma lenda completamente geral, não restrita a um ou poucos povos. Lembrando que quem disser que Deus parou o tempo já está começando a sair da literalidade. O curioso foi onde que eu percebi a fraqueza do fundamentalismo. Está nos fatos. Na história. Na natureza. E não na moral. Toda vez que você critica as atitudes de Deus no campo moral, imediatamente se sente assolado de culpa com vozes internas e externas "quem é você pra questionar a sabedoria de Deus?". Mas eu me sentia tão ameaçado pelos castigos por não concordar com a moral Bíblica, que também impulsionado pelo movimento político dos pastores deputados, passei a ver coisas na internet trazendo informações a respeito da origem de tudo isso. As ameaças me colocaram contra a parede e então a minha resposta foi: "será que esse tempo todo eu fui enganado?". Então vamos pros fatos. A Bíblia tem muitas, muitas incongruências com fatos arqueológicos. A Igreja Católica é que é quem montou a Bíblia. Então, percebi uma coisa, quem garante que o que está escrito na Bíblia não foi adulterado? Ou se trata de uma mitologia mas que é sim, útil para ensinamento pra vida das pessoas? Mas que por outro lado, se lida como uma história inquestionavelmente real, pode levar pessoas à loucura (como foi o meu caso)? Evangélicos são, na verdade, um pouco Católicos e não sabem. Quem montou a Bíblia? Como ela surgiu? Evangélicos não podem chamar Católicos de hereges. Eles tem que chamar Católicos de inconsistentes, ou contraditórios. Porque a Igreja Evangélica é filha da Católica, e é como se fosse uma pequena secção dela. Então eu cansei de tudo isso. Tenho muito pra falar ainda de religião. E isso que postei é pequeno perto das transformações que ocorreram na minha mente. E algumas ideias minhas estão confusas ainda. Pretendo agora buscar a verdade sem medo, e sem dogmas. Dogmas atrapalham demais a vida das pessoas. Vejam como está ficando o nosso país. E amigos crentes, não fiquem tristes comigo. Eu estou com minha mente aberta pras possibilidades. E espero que Deus, se o cristianismo mais ortodoxo for o detentor da verdade, me resgate da minha perdição e me leve à verdade. Porque antes, eu não estava buscando a verdade. Só estava tentando de tudo pra escapar do inferno.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Reativação??

Tentativa de reativação nº 4958 Dessa vez estou morando sozinho e com mais tempo. Quem sabe consigo reativar o blog e me livrar do vício em Facebook...

terça-feira, 6 de novembro de 2012